segunda-feira, 1 de maio de 2017

Jesus, o exaltado de Deus



Leitura: Filipenses 2.9-11

9 Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome,
10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra,
11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.

9a Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira

Aquele que sofreu voluntariamente a maior humilhação do que qualquer outra pessoa foi também exaltado (sobremaneira/soberanamente/ao máximo) pelo Pai.

Essa é uma regra a ser seguida e vivida por todos: Mateus 23.12; Lucas 14.11; Tiago 4.10; 1 Pe 5.6

O verbo utilizado na passagem em comento, acerca de Jesus pode ser traduzido por “superexaltado”, ou “exaltou soberanamente”. Diz-se de Jesus que ele “ultrapassou os céus” (Hb 4.14); “feito mais alto que os céus” (Hb 7.26); “subiu acima de  todos os céus” (Ef 4.10); “está assentado à mão direita de Deus Pai (Mc 16.19; At 2.33, 5.31; Rm 8.34; Hb 12.2),

As etapas pelas quais Jesus passou:








E finalmente ocorreu o que Jesus havia pedido ao Pai em João 17.5


9b  e lhe deu o nome que está acima de todo nome,


O Pai lhe deu “O” nome, e não um nome. E é o nome que está acima de qualquer outro nome. Não há outro nome, nem acima, nem ao lado. Porém, todos os demais nomes abaixo (Ef 1.20-22).

10a para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho,


Ao nome de Jesus refere-se ao próprio Jesus em si. Dobrar o joelho significa reconhecimento de soberania.

Jesus será aclamado por todos e em todos os setores do Universo. Tradicionalmente se entende que alguns se regozijarão com esse ato, outros, o farão com imensa lamentação.

Algumas implicações dessa afirmação:

Confiança: por mais terrível que seja algumas vezes a situação da igreja em muitos lugares do mundo, com tristes perseguições, ainda assim podemos ter confiança de que, ao final, o nome de Jesus triunfará.

Otimismo: otimismo de que estamos fazendo o trabalho certo, a favor da Pessoa certa, qual seja, Jesus, o Cristo.

Urgência: desejamos que esse dobrar de joelhos seja um ato de alegria para o maior número de pessoas possível, tendo em vista que tal dia se aproxima.


10b  nos céus, na terra e debaixo da terra,

Nos céus: serafins, querubins, anjos, arcanjos e todos os redimidos nos céus (Apocalipse 4.8-11; 5.8-14).

Na terra: todos os seres humanos.

Debaixo da terra: todos os condenados, tantos seres humanos quanto anjos caídos.

Alguns ensinam que, conforme o contexto da época, se entendia que “no alto”, ficavam os céus, morada dos seres celestiais, e que o Senhor ficava acima de todos os céus. A terra, obviamente, o local de vida dos viventes, e o inferno ficaria embaixo. Há quem diga que para Paulo, essas ideias já eram metafóricas, e que não essencialmente se referia a questões espaciais em si. Muitos teólogos entendem que Paulo pensava essas coisas literalmente, e, tendo em vista o advento do conhecimento científico, tal visão precisa ser rechaçada.  Com isso, tudo nas Escrituras que não se coadunassem com as mais recentes descobertas científicas precisaria ser considerado como narrativa mitológica, não mais condizente com o nosso tempo. Assim sendo, toda a Escritura foi “demitologizada” (ou desmitologizada), sobrando, por assim dizer, somente seus ensinamentos éticos. Tais movimentos tendem a ser amplamente ecumênicos, e reduziram o cristianismo ao seu sentido mais éticos, deixando de lado todas as doutrinas (ou dogmas) que consideraram refletirem um período que já passou. Entre tais teólogos, podemos mencionar J. A. T. Robinson, Rudolf Bultmann, Paul Tillich, John Dominic Crossan, entre muitos outros.

Não precisamos entender que Paulo ensinava céu, terra ou abaixo da terra como locais geográficos literalmente, por assim dizer; entretanto, é negável que, para a cosmovisão bíblica, de fato, existe uma morada dos anjos, e haverá um lugar de castigo. Se tirarmos todo o aspecto sobrenatural das escrituras, reduziremo o evangelho e o cristianismo a uma filosofia, ou doutrina moral, colocando em cheque até mesmo a existência de seres celestiais ou espirituais.


11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.

Leia também Romanos 14.11.

 “Kyrios”: senhor; supremo em autoridade; controlador; líder; mestre; governante do mundo (“kosmokratôr”); Todo Poderoso (pantokratôr)

Corroborando o versículo anterior, toda língua confessará o Cristo como Senhor. Não será uma confissão forçada, sob o jugo das armas e das ameaças, mas somente como constatação de um fato irrefutável.

Tudo isso acontecerá para a glória de Deus Pai, ou seja, o mais radical ato de humilhação e exaltação que se tem notícia é para a glória de Deus. Na verdade, Pai e Filho mutualmente se glorificam (João 13.31-32).

Para o apóstolo Paulo, tudo é sempre voltado para a glória de Deus (Romanos 11.36; 16.27; Efésios 3.20-12; Filipenses 4.20; 1 Tim 1.17; 3.16; etc).

Conclusão:

Verificamos então pelo teor de todo capítulo segundo até aqui que Paulo procura direcionar a igreja para dirimir os seus conflitos, colocando a humildade como base de todos os relacionamentos, e dando como exemplo supremo a obra realizada por Cristo, que passou por um processo de grandiosíssima auto humilhação, e depois foi soberanamente exaltado pelo Pai. Esse é o incentivo de Paulo, qual seja, que sigamos o exemplo de Cristo a fim de termos destino similar concedido pelo Pai.

Alguns questionamentos que alguns nos fazem:

Se isso for realmente verdade, e ao final, Jesus e o Pai forem glorificados, porque isso já não se torna evidente desde já? Porque não é realizado um ato específico por parte de Deus que torne irrefutável que de fato Jesus é o Cristo e que deve ser glorificado por todos? Porque tal processo tem que ser tão lento, doloroso e realizado por seres tão imperfeitos quanto nós?

A passagem afirma que tudo será para a glória de Deus Pai. Alguns acusam a divindade adorada pelos cristãos como “egóica”, no sentido de que gosta de receber louvores para Si. Você entende que é assim mesmo? Ou há uma outra explicação possível para isso?

Reflexão:

Vimos no conjunto todo da passagem (2.5-11) que Jesus se humilhou profundamente, e depois foi sobremaneira exaltado. Todo esse ensinamento foi no sentido de que os irmãos devem servir uns aos outros no contexto da comunidade. De que modo então essa regra da auto humilhação pode ser aplicada no contexto da vivência comunitária?


Auto humilhar-se com a intenção de ser exaltado já não seria um ato de NÃO virtude?

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