segunda-feira, 8 de maio de 2017

Desenvolvendo a nossa salvação




12 Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor;
13 porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.
14 Fazei tudo sem murmurações nem contendas,
15 para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo,
16 preservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente.
17 Entretanto, mesmo que seja eu oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, alegro-me e, com todos vós, me congratulo.
18 Assim, vós também, pela mesma razão, alegrai-vos e congratulai-vos comigo.

Breves comentários:

12 Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor;

Obediência na ausência do líder: Os filipenses, ao que tudo indica, tinham uma certa dependência do apóstolo, tanto que nesse versículo 12 ele reforça o que já havia dito em 1.27.

A obediência dos filipenses não deveria existir somente com a presença física de Paulo, mas muito mais agora em sua ausência. E no caso em questão, tal obediência se concretizaria no fato em que a comunidade passaria a imitar o exemplo de Cristo e servirem uns aos outros em amor. Não é incomum determinadas comunidades começarem a terem desentendimentos ante a ausência de seu líder. Paulo quer evitar que isso aconteça.

A verdadeira prova do real aprendizado de alguém não é aquilo que faz na presença de seu líder, mas sim na sua ausência.

Desenvolvei a vossa salvação: é nossa responsabilidade desenvolver a nossa salvação, pois embora essa seja um ato ocorrido em determinado momento de nossas vidas quando recebemos a Cristo como Senhor e Salvador, continua sendo um processo para todo o sempre, e é nossa responsabilidade realizar isso. A ideia de desenvolvimento aqui é um “esforço contínuo e vigoroso”. O tempo verbal dá uma ideia de “continuem a desenvolver”. 

Temos que tomar cuidado para não atribuir ao Senhor uma responsabilidade que em parte é nossa. É desenvolvermos cada dia no evangelho, praticando todas as disciplinas espirituais à nossa disposição (Leitura, oração, mortificação da carne, santificação, boas obras).

As Escrituras dizem de Jesus que ele crescia em sabedoria, estatura e graça (Lc 2.52), e seu crescimento era evidente diante de todos. Também podemos e devemos crescer nessas características, estudando as Escrituras, praticando boas obras, e tendo comunhão com Deus e com nossos irmãos. E, embora após certa idade não cresçamos mais em estatura física, talvez não seja errado dizer que temos o dever de procurar manter nossas saúde e equilíbrio mental da melhor forma possível.

Com temor e tremor: não é com espírito de relaxo como o que acometeu à Nadabe e Abiú. Não é com indiferença e mente dividida. Mas com sinceridade, propósito, reverência, respeito, seriedade, com temor de ofender a Deus e ao seu Espírito, com bastante humildade.


13 porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.

Deus efetua em vós: Esse desenvolvimento da própria salvação só pode ser efetuado porque a iniciativa parte do próprio Deus. Em tudo o quanto diga respeito à salvação, renúncia ao pecado, santificação, a iniciativa parte sempre do próprio Deus. Isso é graça. Cabe a cada pessoa não resistir a tal operação divina, e cooperar com ela para o próprio crescimento, tomando parte ativa nisso. Mas para isso acontecer, temos que sempre estar “ligados” em Cristo (Jo 15.4).

Tanto o querer quanto o realizar: É Deus quem concede a “energia” (“energeo”) suficiente para isso. Deus opera em nós tanto o querer (o desejo) quanto o realizar (a obra em si). Em tudo Deus está “na base”, “no princípio”, no “início de tudo”. Ele suscita em nós o desejo e nos ajuda a fazer o que em nós suscitou.

Ou seja, ele efetua em nós o querer e o realizar e nós desenvolvemos a nossa salvação com temor e tremor. Iniciativa divina e responsabilidade humana, juntas, afirmadas nas Escrituras.


14 Fazei tudo sem murmurações nem contendas,

“Fazei tudo” diz respeito acerca de tudo o quanto Paulo determinou até agora. Murmurar reclamar sem razão, fazer as coisas com má vontade, uma enfatuação dos mandamentos. Contendas é discutir, brigar, desobedecer, criar caso, intriga, etc.


15 para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo,

Irrepreensíveis e sinceros: envolve uma atitude correta (da qual ninguém pode nos acusar de nada), e também uma disposição, um espírito correto, puro, sem mistura com qualquer tipo de mal (ou seja, atitude exterior irrepreensível e atitude interior pura).

Filhos de Deus inculpáveis: expressarmos a natureza de Deus em um caráter íntegro e sem mácula, sem do que terem de nos acusar.

no meio de uma geração pervertida e corrupta (má e perversa): isso se expressava em uma vida violenta e imoral nos tempos do apóstolo, em que não havia nenhum temor de Deus.

Na qual resplandeceis como luzeiros no mundo: Isso é uma forma de destaque muito grande que servirá de modelo, de exemplo para o mundo. É como se os discípulos fossem “astros” no céu.


16 preservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente.

Preservando a palavra da vida: estudando-a, guardando-a, praticando-a, proclamando-a.

Para que no dia de Cristo: dia da volta de Cristo

Eu me glorie que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente: se gloriar no sentido de se alegar, sentir um bom orgulho, por assim dizer, de que seu trabalho não foi em vão. Constantemente Paulo usa a imagem de uma corrida, talvez tomando emprestado a ideia do esforço e da disciplina que envolve a vida dos corredores. A perseverança dos filipenses demonstrará que Paulo também não se esforçou/trabalhou inutilmente.


17 Entretanto, mesmo que seja eu oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, alegro-me e, com todos vós, me congratulo.

A ideia é a de que, se os filipenses viverem dessa forma determinada por Paulo, este terá alegria mesmo diante da morte (libação = aspersão de um líquido). Ou seja, uma vez tendo cumprido o objetivo de servir aos filipenses, e vendo o fruto do seu trabalho realizado, ele estaria diante de uma boa morte. O que define uma boa morte não é o modo como se morre, mas saber que se fez o que tinha que fazer de maneira bem feita.


18 Assim, vós também, pela mesma razão, alegrai-vos e congratulai-vos comigo.


Paulo convida seus leitores a se alegrarem com ele diante de todas essas questões. Chama seus queridos a se alegrarem no seu martírio, demonstrando sua fidelidade no servido ao Senhor.

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