quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Dos defeitos arraigados em nossas vidas

Por Carlos Seino

Todos nós temos algum defeito em nossas vidas. Alguns mais graves, outros menos, que podem atrapalhar um pouco a nossa jornada. Vamos ver o exemplo na vida de três homens de Deus relatados nas Escrituras.

Sanção foi separado como um juiz em Israel, recebendo um grande poder da parte do Senhor. Entretanto, tinha um grave problema. Era sensual, no sentido de que não parecia ter muito domínio próprio nessa área. Primeiramente, se apaixonou por uma filisteia (Juízes 14.1-3), depois coabitou com uma prostituta (Jz 16.1), e também com Dalila (Jz 16.4), que foi quem finalmente arrasou seu ministério. Viveu então como escravo cego até o fim de sua vida.

Pedro era um homem arrojado, destemido, mas parecia ter um problema com a falta de coragem. Quando Jesus disse que seria traído e que todos os negariam, Pedro disse que jamais faria isso, ainda que outros o fizessem (Mt 26.31-35). Após, a palavra de Jesus realmente se cumpriu (Mt 26.69-74). Sabemos que após a ressurreição do Mestre, Pedro recebe a comissão, juntamente com os demais, para pregar o evangelho, tendo inclusive experiências maravilhosas, como a do Pentecostes. Mas houve uma ocasião em que Pedro estava em Antioquia, junto com outros judeus, quando chegaram alguns da parte de Tiago. Pedro imediatamente dissimulou, e junto com outros judeus começaram a se afastar dos gentios (judeus eram preconceituosos em relação aos gentios). Ou seja, Pedro se afasta dos gentios com medo do que os emissários de Tiago iriam pensar, de modo que Paulo precisou resistiu-lhe à face (Galátas 2.22-14). Um outro episódio na vida de Pedro foi no final de sua vida. Segundo a tradição, houve uma grande perseguição à igreja quando Pedro estava em Roma. Ele estava conseguindo fugir da cidade, quando Jesus lhe aparece nos limites da cidade e lhe pergunta: “Pedro, vais me negar de novo”. Pedro volta para a cidade, se entrega, e pede para ser crucificado de cabeça para baixo.

Vamos pensar agora na vida de Paulo, o apóstolo dos gentios. Ele era um fariseu antes de se converter, e como tal, era bastante intolerante com os cristãos, de modo que consentiu na morte de Estevão (Atos 7.59 – 8.1). Após sua conversão e vários acontecimentos que se seguiram, ele e Barnabé foram separados para a primeira viagem missionária, sendo que João Marcos os iria acompanhar. Ocorre que Marcos, provavelmente por medo, acaba que por desistir da viagem (Atos 13.13). Depois, antes de iniciar a segunda viagem missionária, Paulo e Barnabé têm uma grande desavença. Barnabé queria levar João Marcos novamente, lhe dar uma segunda chance, mas o intolerante Paulo achava que não era justo, pois na primeira ele havia desistido. Houve tal briga que eles vieram a se separar (Atos 15.36-40). Vemos aqui um traço de intolerância na personalidade de Paulo. Mas o bonito é que no final de seu ministério, parece que Paulo veio a reconhecer o seu erro, de modo que chama Marcos para perto de si, e menciona que este era “muito importante para o seu ministério” (2 Tim 4.9-11).

Vemos então que esses grandes homens de Deus tiveram falhas de caráter que em algum momento atrapalharam sua jornada cristã. O que podemos aprender disso tudo?

1 – É preciso constantemente fazermos exame de consciência a fim de verificar se não estamos abrigando alguma falha de caráter que também nos atrapalhe. Conhecermos a nós mesmos, à luz da Palavra de Deus, com a ajuda do Espírito Santo e da Igreja. Aquele que encobre suas transgressões jamais prosperará, mas o que as confessa e as deixa, alcançará misericórdia (Pv 28.13).

2 – Uma vez detectadas falhas de caráter, precisamos combate-las. O Senhor nos dá algumas ferramentas para tanto, como a constante leituras das Escrituras, o jejum, a oração, e a ajuda de irmãos maduros. A mais importante atitude nessa questão é a auto negação de si mesmo, como o Senhor nos advertiu que pare segui-lo é necessária a auto negação (Lc 9.23).

3 – Deus não nos vai deixar de amar por termos falhas. Superarmos as nossas falhas também não é uma condição para recebermos mais do amor de Deus. Ele nos amou quando nós ainda éramos pecadores (Rm 5.8). A determinação de sermos santos não é para que Ele venha nos amar. Ele determina que sejamos santos, porque Ele nos ama e quer o melhor para nós.

Que o Senhor em muito nos abençoe e nos ajude a superarmos tudo o quanto possa nos afastar d’Ele e atrapalhar nossa jornada. Amém. 

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