Não é incomum muitas
pessoas começarem uma jornada no evangelho e desistirem em meio ao caminho. Muitos
podem ser os motivos para tal desistência. Talvez um deles seja o fato de
muitas vezes tais pessoas não terem sido informadas de que havia um preço a
pagar, um sacrifício a ser prestado nesta árdua tarefa em se tornar um
discípulo de Cristo. Nesta mensagem, iremos tentar fazer um pouco deste cálculo
do quanto custa seguir o Mestre.
1
– Há um preço a calcular na vida familiar.
Jesus disse: “Se
alguém vier a mim, e não aborrecer a pai, mãe, a mulher e filhos, a irmãos e
irmãs...” (Lc 14.26 a). “Aborrecer” pai e mãe denota uma ação de desagrado em
alguém. Ou seja, Jesus não esconde o fato de que, é possível que quando alguém
O siga, acabe atraindo o descontentamento de seus familiares. Até hoje, em
muitas culturas, quando alguém se converte, passa a ser perseguido por sua
própria família. E não é incomum ouvirmos testemunhos de pessoas que sofreram muito,
seja pelo descontentamento dos pais ou do cônjuge quando se converte, pois é
uma desonra para a família a pessoa mudar de religião. Há ainda muitos
familiares que se aborrecem pelo fato de que agora a pessoa passa a ter também
um compromisso com a comunidade de discípulos. Seus familiares querem mais
lazer, passear os finais de semana, ficarem “de boa” em um domingo, irem ao
estádio de futebol, ao aniversário da sobrinha, e coisas do tipo. Essas coisas não
são ruins em si mesmas, entretanto, o discípulo sabe que tem agora um
compromisso com uma comunidade de discípulos, que precisa exercer os seus dons,
e trabalharem ativamente no ministério. Isso eventualmente pode causar
descontentamento familiar. Pois o discípulo de Jesus precisa calcular esse
preço. Sempre que a vontade de Jesus se chocar contra a vontade de alguém da
nossa família, a primeira deve prevalecer.
2
– Há um preço a calcular com respeito a própria vida.
Jesus disse: “... e
ainda também a própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lc 14.26).
O discípulo terá que
aborrecer a própria vida. Um modo de fazer esse cálculo e verificar em algumas
áreas da nossa própria vida o cálculo de tal preço.
Há um custo a
calcular na vida profissional. Agora
o discípulo não trabalha apenas para si próprio, mas para a glória de Deus (1
Co 10.31).
Também na vida sentimental. Isso porque, evitará se
deixar influenciar por pessoas que nada querem com o evangelho de Cristo, seja
em amizades ou até mesmo em um envolvimento mais profundo.
Sua vida material também será afetada, pois
buscará viver uma vida mais simples do que caso não fosse discípulo, e ajudará
na promoção da causa do evangelho e da assistência aos necessitados.
Seu lazer também será afetado, pois não irá
perder tempo com coisas que não edificam.
Essas e outras coisas
na vida de um discípulo são boas e podem ser desfrutadas, mas tudo deve passar
pelo crivo do discipulado.
3
– O candidato a discípulo deverá, enfim, colocar a cruz em seus cálculos.
Jesus disse: “E qualquer
que não tomar a sua cruz não pode ser meu discípulo” (Lc 14.27).
A cruz naqueles
tempos era um instrumento de morte utilizado pelos romanos, que implicava em
grande humilhação pública. Não era um símbolo da religião cristã, nem mesmo era
utilizado como enfeite. Só de pensar em uma cruz, naqueles tempos, uma pessoa certamente
sentiria calafrios. Pois é justamente esse símbolo que Jesus evoca para dizer o
que se deve fazer para segui-lo.
Cruz não é o símbolo
das dificuldades que alguém carrega na sua vida. Não é incomum ouvir alguém
dizer: “ah, esse meu marido é minha cruz”, ou “esse meu patrão é a cruz que eu
tenho que carregar”, ou uma enfermidade, etc. A cruz não se refere às
dificuldades das quais todas as pessoas estão sujeitas no dia a dia. Não. Cruz é
um estilo de vida livremente assumindo por quem deseja se tornar discípulo.
Há alguns
significados no que se refere a tomar a sua cruz, e podemos ver isso em um texto
de Paulo: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor
Jesus Cristo, pela qual o mundo esta crucificado para mim, e eu para o mundo”
(Gálatas 6.14).
Ou seja, cruz é o
lugar onde eu me crucifico. Crucifico meu ego, minhas vontades ilícitas, minhas
concupiscências. Ali são crucificas minha injusta ira, minhas cobiças, meus
maus pensamentos. Ali, o velho homem é crucificado. E também é o lugar onde
crucifico o mundo, com seus falsos valores, sua soberba, sua sede de poder, sua
cultura de morte. E isso pode custar ao discípulo a própria vida, como ocorreu
com o próprio Jesus, Pedro, André, Tiago, os demais apóstolos, e tantos outros
na história do cristianismo.
Enfim, não sei se foi
possível expor aqui todo o cálculo que alguém deverá fazer para buscar se
tornar um discípulo. De qualquer modo, precisamos nos perguntar se realmente estamos dispostos a calcular o quanto custa seguir o Mestre. E precismos também expor este fato às pessoas, para que elas não se sintam enganadas pela nossa pregação.
Talvez alguém se pergunte: será que vale a pena então seguir a Jesus? Ora, você só considerará que vale a pena se de fato entender que Jesus é digno!
Se você entender que ele é digno, tudo valerá a pena. Sua renúncia, seu sacrifício, seu sofrimento. Isso porque Ele mesmo nos deixou exemplo para ser seguido, deixando sua glória, para morrer por cada um de nós (Fil 2.5-8). Se você realmente crer, nisso, certamente valerá a pena!
Deixo aqui uma última palavra de nosso Senhor:
"Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do evangelho, que não receba, já no presente século o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições, e no mundo porvir, a vida eterna" (Mc 10.29).
Deus abençoe!
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