quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Benção e maldição

"Tu, Cafarnaum, elevar-te-às, porventura até o céu? Descerás até o inferno..." (Mt 11.23).




Jesus iniciou o seu ministério em Cafarnaum (Mt 4.13) e cidades circunvizinhas como Betsaida e Corazim. Realizou muitos milagres ali, e deu maravilhosas lições. Expulsou demônios, curou leprosos, repreendeu toda sorte de doenças, até ressurreição operou. Mas a primeira e derradeira mensagem que pregou foi "Arrependei-vos porque está próximo o Reino dos céus" (Mt 4.17).

Entretanto, temos a notícia de que Corazim, Betsaida e Cafarnaum não se arrependeram (Mt 11.21-23) e acabaram por receber um anátema por parte de Jesus. Em certo sentido, nosso Senhor "falhou" em levar aquele povo ao arrependimento.

Que lições podemos extrair deste breve relato?

Em primeiro lugar, que o foco da missão de Jesus é levar pessoas ao arrependimento. Embora ele tenha realizado muitos milagres, curas, exorcismos, ele queria que as pessoas se arrependessem. Mas infelizmente não foi isso que aconteceu.

Em segundo lugar, verificamos que é possível alguém receber bençãos muito grandes de Deus, e ainda assim não se tornar boa pessoa. Foi o que aconteceu com os habitantes das mencionadas cidades. Imagine só que Betsaida ficava provavelmente perto de onde Jesus proferiu o famoso "sermão do monte" (Mt 5 - 7).

Em terceiro lugar, muitas vezes, daqueles de quem esperamos o melhor resultado, pode vir na verdade o pior. Você consegue imaginar que, na região daquelas três cidades Deus, de certa forma, operou mais do que já tinha feito em toda a história da humanidade? Mais do que com Moisés, Sansão, Elias, Eliseu. Mais do que com qualquer um, pois ali estava o Filho de Deus em pessoa! Pois é. Eu fico me perguntando como é que alguém pode receber o melhor de Deus e ainda assim ser considerado pior do que Sodoma e Gomorra? Logo, nem sempre de onde esperamos o melhor resultado isso possa ocorrer. O que não dizer atualmente em que a classe de homens dos quais mais se desconfia parecem ser os pastores evangélicos? Ou do fato de, embora estarmos na faixa dos quarenta milhões, parece que percentualmente fazemos muito menos obras sociais que os espíritas? Talvez hoje Jesus dissesse para os fariseus modernos que haverá menor rigor para espíritas e macumbeiros do que para os evangélicos no juízo que há de vir.

Outra lição que aprendemos é que não é difícil alguém estar totalmente enganado em relação à sua própria situação espiritual. Parece que havia um auto-engano muito grande por parte de Cafarnaum a ponto de achar que seria elevada até o céu. Jesus faz chacota de tal provérbio e diz justamente o contrário: vais é descer até o inferno! Uma das piores coisas que podem acontecer com alguém é estar completamente enganada em relação a si próprio. Parece que por algum motivo, aquele povo se achou merecedor dos milagres realizados por Jesus. Talvez eles se achassem "raridade", gente muito boa, abençoada, quando na verdade, tudo o que Jesus queria é que se arrependessem. Isso tudo lembra muito a situação da igreja laodicense que se julgava "rica e abastada" (Ap 3.17)

E finalmente, aprendemos que receber uma benção com a atitude errada pode se tornar uma maldição. Os habitantes da Galileia receberam muito de Deus por intermédio de Cristo, mas não tiveram a atitude correta. Não se arrependeram. Isso fez com que Jesus dissesse que tais cidades eram pior do que, por exemplo, Tiro e Sidom, cidades fenícias, que a propósito, existem até os dias atuais. Mas Corazim, Betsaida e Cafarnaum, salvo melhor juízo, nem existem mais.

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